Maioria utiliza IA, mas desconhece riscos

Maioria utiliza IA, mas desconhece riscos

Estudo sublinha a necessidade de alinhar o crescimento na adoção de inteligência artificial com um maior conhecimento e treino em cibersegurança

O National Cybersecurity Alliance, organização norte-americana sem fins lucrativos, e a CybSafe divulgaram a edição 2025-2026 do relatório “Oh Behave! The Annual Cybersecurity Attitudes and Behaviors Report”. O estudo aponta um ponto de viragem na vida digital: o uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) saltou 21 pontos em um ano, com 65% dos entrevistados a afirmar que agora a utilizam.

Entre as plataformas, o ChatGPT lidera com 77% de adoção, seguido do Gemini (49%) e do Copilot (26%). Apesar da expansão, 58% dos utilizadores dizem não receber formação sobre riscos de segurança e 43% admitem ter partilhado informações sensíveis do trabalho com ferramentas de IA sem autorização. O conteúdo partilhado inclui documentos internos (50%), dados financeiros (42%) e informações de clientes (44%).

O relatório baseia-se num inquérito a 6.500 pessoas nos EUA, Reino Unido, Alemanha, Austrália, Índia, Brasil e México, para analisar atitudes e comportamentos de cibersegurança e o impacto crescente da IA. Lisa Plaggemier, diretora executiva da National Cybersecurity Alliance, alerta: “A adoção da IA disparou – de 44% em 2024 para 65% em 2025 – mas as práticas de segurança continuam perigosamente atrasadas. Sem medidas urgentes, milhões correm o risco de fraudes, falsificação de identidade e violações de dados”.

O cibercrime também aumentou significativamente, incluindo fraudes com criptomoedas, phishing, roubo de identidade e golpes de suporte técnico. 44% dos entrevistados já sofreram perdas de dados ou dinheiro (+9% em relação ao ano anterior). As gerações mais jovens foram as mais afetadas: 59% da Geração Z e 56% dos Millennials relataram prejuízos por golpes digitais diversos. Segundo Oz Alashe MBE, CEO e fundador da CybSafe, “o cibercrime tornou-se uma experiência recorrente, sobretudo entre os mais jovens, que vivem plenamente online. No entanto, a maioria ainda carece de formação eficaz e luta com hábitos básicos de segurança”.

Mais de metade dos participantes (55%) afirmou não ter acesso a formação em cibersegurança; e, entre os que têm, apenas 32% a utilizam. Daqueles que participaram de formações, 47% dizem reconhecer melhor tentativas de phishing, 42% adotaram autenticação multifator e 40% criaram senhas mais fortes. Falta de tempo e dúvidas sobre eficácia continuam entre as principais razões para o abandono da formação, reforçando a necessidade de iniciativas mais práticas e centradas em resultados.

As práticas diárias de segurança mantêm-se inconsistentes: 62% criam senhas únicas, mas 41% nunca usaram um gestor de passwords. Embora 77% conheçam a autenticação multifator, apenas 41% a aplicam regularmente. Atualizações de software são feitas com frequência por 56% e backups consistentes por 47%. Essas lacunas revelam vulnerabilidades persistentes até em medidas básicas.

Cerca de dois terços dos entrevistados (66%) sentem-se confiantes para identificar emails ou links maliciosos, embora essa confiança varie por idade e região. Millennials lideram (72%), seguidos da Geração Z (66%), enquanto os Baby Boomers e a Silent Generation ficam para trás. Apesar disso, menos de metade relata tentativas de phishing, limitando a eficácia coletiva da vigilância digital.

A crescente adoção da IA vem acompanhada de novas ansiedades: 63% preocupam-se com crimes cibernéticos relacionados à IA, sobretudo falsificação de identidade e golpes avançados. 65% acreditam que a IA facilitará a atuação de criminosos, 67% temem a dificuldade em distinguir conteúdo real de falso e 54% acham que as fraudes serão mais difíceis de detetar. Além disso, 44% antecipam mudanças na sua vida profissional à medida que a IA se integra ao quotidiano.

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